O dízimo é um dos temas mais debatidos dentro do cristianismo. Para alguns, ele é uma prática bíblica que deve ser mantida até hoje. Para outros, foi abolido com a vinda de Jesus e não deve ser obrigatório na igreja moderna. Mas afinal, o dízimo foi abolido? O que a Bíblia realmente ensina sobre isso? Vamos explorar a história, os textos sagrados e o contexto atual dessa prática.
Introdução
O dízimo tem origem milenar e era uma prática comum entre os hebreus e outros povos antigos. No contexto religioso, ele sempre esteve ligado ao sustento do templo e dos sacerdotes. Mas será que essa exigência ainda se aplica nos dias de hoje? Para entender melhor, precisamos voltar ao passado e analisar como o dízimo foi instituído.
O que é o dízimo e sua origem
A palavra “dízimo” significa “a décima parte”. Na prática, era a entrega de 10% dos rendimentos de uma pessoa para fins religiosos. Antes mesmo da Lei de Moisés, o dízimo já aparecia na Bíblia. O primeiro registro é quando Abraão entrega o dízimo ao sacerdote Melquisedeque (Gênesis 14:18-20).
Mais tarde, essa prática foi oficializada na Lei dada por Deus ao povo de Israel, onde os dízimos eram usados para sustentar os levitas, que não tinham terras e eram responsáveis pelo serviço religioso.
O dízimo também era uma prática comum em diversas culturas antigas, incluindo os babilônios, egípcios e persas. Em muitos casos, ele era uma forma de tributo aos reis ou sacerdotes, garantindo o sustento das instituições religiosas e governamentais.
O dízimo no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, o dízimo era essencial para o funcionamento da nação de Israel. Havia três tipos principais:
- Dízimo dos levitas: dado ao grupo de sacerdotes para seu sustento (Números 18:21).
- Dízimo das festas: reservado para as celebrações e festividades religiosas (Deuteronômio 14:22-27).
- Dízimo dos pobres: entregue a órfãos, viúvas e estrangeiros a cada três anos (Deuteronômio 14:28-29).
Além disso, Malaquias 3:10 é um dos versículos mais citados sobre o dízimo:
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos.”
No entanto, é importante lembrar que essa ordem estava diretamente ligada à cultura judaica e à manutenção do templo. O sistema de sacrifícios e sacerdócio fazia parte dessa estrutura, e os levitas eram os responsáveis pelos rituais religiosos.
O dízimo no Novo Testamento
Com a vinda de Jesus, muitas práticas do Antigo Testamento foram reformuladas. No Novo Testamento, a obrigatoriedade do dízimo não é reafirmada. Jesus menciona o dízimo algumas vezes, como em Mateus 23:23, onde repreende os fariseus por serem fiéis no dízimo, mas negligenciarem a justiça, a misericórdia e a fé.
Os primeiros cristãos não praticavam o dízimo como no Antigo Testamento. Em vez disso, viviam em um modelo de compartilhamento e generosidade, ajudando uns aos outros conforme a necessidade (Atos 2:44-45). Paulo ensina sobre ofertas voluntárias e diz que cada um deve contribuir “conforme propôs no coração” (2 Coríntios 9:7), sem imposição de um valor fixo.
O Dízimo na Atualidade
Hoje, muitas igrejas continuam ensinando que o dízimo é um mandamento divino. Outras, no entanto, defendem que ele foi abolido e que as contribuições devem ser voluntárias. Vamos analisar os dois lados dessa discussão.
A igreja moderna deve exigir o dízimo?
Muitas igrejas evangélicas e católicas ainda pedem o dízimo como forma de sustentar suas atividades. Argumentam que as igrejas precisam de recursos para pagar despesas, ajudar os necessitados e financiar missões. No entanto, algumas denominações ensinam que o dízimo é um princípio do Antigo Testamento que não se aplica aos cristãos.
Atualmente, algumas igrejas aboliram o dízimo e incentivam ofertas voluntárias. Denominações como Assembleia de Deus, Batista, Adventistas e algumas comunidades independentes possuem abordagens diferentes sobre o tema.
A questão central é: o dízimo deve ser uma obrigação ou uma escolha pessoal baseada na generosidade?
Argumentos a favor da continuidade do dízimo
- O dízimo era uma prática antes mesmo da Lei de Moisés (Gênesis 14:18-20).
- Jesus menciona o dízimo sem condená-lo (Mateus 23:23).
- O dízimo pode ser visto como um princípio de gratidão a Deus e um meio de sustento da igreja.
- As igrejas modernas dependem de contribuições financeiras para manter suas atividades.
Argumentos contra a obrigatoriedade do dízimo
- O Novo Testamento ensina a dar voluntariamente, sem fixar um valor (2 Coríntios 9:7).
- O dízimo era parte da Lei mosaica, que não se aplica mais aos cristãos (Romanos 6:14).
- A igreja primitiva focava na generosidade e na ajuda mútua, e não no dízimo fixo (Atos 2:44-45).
- Algumas igrejas abusam da doutrina do dízimo, tornando-o uma obrigação pesada para os fiéis.
O Que a Bíblia Realmente Ensina?
A Bíblia ensina sobre generosidade e contribuição, mas será que o dízimo é uma obrigação? Vamos analisar alguns pontos importantes.
Passagens bíblicas que falam sobre o dízimo
Além dos textos do Antigo Testamento, algumas passagens do Novo Testamento são usadas no debate:
- Mateus 23:23 – Jesus fala sobre o dízimo, mas dá mais importância à justiça e à fé.
- 2 Coríntios 9:7 – “Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza ou por necessidade.”
- Hebreus 7:1-10 – Cita o dízimo de Abraão a Melquisedeque, mas sem impor isso aos cristãos.
O conceito de generosidade na fé cristã
O cristianismo ensina que devemos ser generosos e ajudar os necessitados. O modelo do Novo Testamento é de contribuição voluntária e não por obrigação. Deus valoriza o coração de quem dá com alegria, e não a quantia em si.
O papel da oferta voluntária na igreja
A igreja moderna pode se sustentar por meio de ofertas voluntárias, sem impor um valor fixo. Assim, cada um contribui conforme sua condição, sem peso ou medo de punição divina. Esse modelo reflete melhor o ensino de Jesus e dos apóstolos.
Conclusão
O dízimo é uma obrigação ou uma escolha?
Para quem segue o Antigo Testamento, o dízimo continua sendo uma ordem divina. Mas para quem se baseia no Novo Testamento, ele foi substituído por ofertas voluntárias e generosidade espontânea.
Considerações finais e impacto na vida cristã
Independentemente da visão adotada, o mais importante é dar com alegria e não por imposição. O princípio bíblico é claro: Deus se agrada de um coração generoso, e não de contribuições feitas por medo ou obrigação.
Cada cristão deve estudar a Bíblia e decidir, em oração, como contribuir para a obra de Deus. Afinal, a fé cristã é baseada no amor, e não na imposição de regras.