Jesus mandou dar o dízimo? A verdade sobre o ensino bíblico

O dízimo é um tema que gera muitas dúvidas entre cristãos. Algumas igrejas ensinam que ele é uma obrigação, enquanto outras afirmam que não se aplica mais aos seguidores de Jesus. Mas o que a Bíblia realmente diz sobre isso? Jesus mandou dar dízimo? Neste artigo, vamos explorar a origem do dízimo, o que Jesus ensinou sobre ele e como os cristãos devem lidar com essa prática hoje.

O que é o dízimo? Origem e significado na Bíblia

O dízimo significa “décima parte”. Desde os tempos antigos, ele era uma forma de adoração e sustento para os sacerdotes e necessitados. Mas será que essa prática continua válida para os dias de hoje?

O dízimo no Antigo Testamento

O dízimo aparece pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 14:18-20, quando Abraão dá a décima parte de seus bens ao sacerdote Melquisedeque. Mais tarde, na Lei dada a Moisés, Deus ordenou que os israelitas entregassem o dízimo de suas colheitas e rebanhos para sustentar os levitas, que serviam no templo (Levítico 27:30; Números 18:21).

Além disso, o dízimo era usado para ajudar os órfãos, viúvas e estrangeiros em necessidade (Deuteronômio 14:28-29). Ele não era apenas uma obrigação religiosa, mas também um meio de justiça social no povo de Israel.

O dízimo no Novo Testamento

No Novo Testamento, não há um mandamento claro para os cristãos sobre o dízimo. Os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos enfatizam mais a generosidade e a disposição do coração do que uma porcentagem fixa de contribuição.

Os primeiros cristãos compartilhavam seus bens e ajudavam uns aos outros de maneira voluntária (Atos 4:32-35). Eles não eram obrigados a dar 10%, mas davam conforme suas condições e necessidades da comunidade.

Paulo reforça essa ideia em 2 Coríntios 9:7:

“Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.”

Isso mostra que, na nova aliança, a generosidade é mais importante do que um percentual fixo.

Jesus falou sobre o dízimo? O que a Bíblia realmente ensina

Muitos citam Mateus 23:23 e Lucas 11:42 para afirmar que Jesus mandou dar dízimo. Mas o que realmente significam essas passagens?

Mateus 23:23 e Lucas 11:42 explicados

Em Mateus 23:23, Jesus diz:

“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas.”

E em Lucas 11:42, Ele declara algo semelhante:

“Ai de vocês, fariseus! Porque vocês dão o dízimo da hortelã, da arruda e de toda sorte de hortaliças, mas desprezam a justiça e o amor de Deus. Devem praticar estas coisas, sem deixar de fazer aquelas.”

Jesus não estava estabelecendo uma regra para os cristãos, mas corrigindo a hipocrisia dos fariseus. Eles eram rigorosos na entrega do dízimo, mas ignoravam os princípios mais importantes da fé.

Jesus aboliu ou confirmou o dízimo?

Jesus não aboliu o dízimo, mas também não o reforçou como um mandamento para seus seguidores. Ele ensinou que o amor, a justiça e a generosidade são mais importantes do que um simples ato religioso.

O dízimo fazia parte da Lei de Moisés, e Jesus viveu sob essa Lei. Porém, após sua morte e ressurreição, os cristãos passaram a viver sob a nova aliança, onde a doação é baseada na gratidão e não em uma obrigação imposta.

A nova aliança e o princípio da generosidade

Na nova aliança, inaugurada por Jesus, o foco não está em regras externas, mas no coração do cristão. Deus ama quem dá com alegria, e a contribuição deve ser espontânea e voluntária.

O ensino dos apóstolos sobre ofertas e contribuições

Os apóstolos incentivavam os cristãos a ajudarem uns aos outros e contribuírem para a obra de Deus, mas sem impor um valor fixo. Em Atos 2:44-45, vemos que os primeiros discípulos compartilhavam tudo o que tinham, ajudando uns aos outros conforme a necessidade.

Como os primeiros cristãos lidavam com o dinheiro

Os primeiros cristãos não tinham um sistema fixo de dízimos. Eles sustentavam os líderes espirituais e ajudavam os necessitados por meio de doações voluntárias (1 Coríntios 9:13-14).

Isso reforça que o princípio da generosidade substituiu a obrigatoriedade do dízimo na nova aliança.

Devemos dar o dízimo hoje? O que a igreja ensina

Essa é uma das questões mais debatidas entre os cristãos. Algumas igrejas ensinam que o dízimo ainda é obrigatório, enquanto outras defendem que a contribuição deve ser espontânea.

O dízimo como princípio de gratidão a Deus

Dar uma parte da renda para a obra de Deus pode ser uma forma de expressar gratidão, assim como faziam os israelitas. No entanto, isso deve ser feito por amor e compromisso, não por obrigação.

O perigo da teologia da prosperidade

Algumas igrejas pregam que dar o dízimo é uma “semente financeira” que garante bênçãos materiais. Essa ideia não está alinhada com os ensinamentos bíblicos. Deus abençoa de muitas formas, e a oferta deve ser feita sem esperar algo em troca.

Jesus ensinou que nossa motivação ao contribuir deve ser o amor e não a expectativa de recompensas materiais (Mateus 6:1-4).

Como aplicar os princípios do dízimo na vida cristã atual

Se o dízimo não é uma obrigação, como um cristão deve contribuir para a obra de Deus hoje?

Como contribuir de forma consciente e bíblica

  • Dê com alegria e voluntariamente (2 Coríntios 9:7).
  • Ajude igrejas e projetos sérios que realmente fazem a diferença.
  • Não se sinta culpado se não puder dar um valor fixo. O mais importante é a intenção do coração.

Dízimo, ofertas e caridade: onde investir?

Além de contribuir para a igreja, os cristãos podem ajudar instituições de caridade, apoiar missionários e auxiliar pessoas necessitadas diretamente. O mais importante é usar os recursos de maneira sábia e com amor.

Conclusão: O verdadeiro propósito do dízimo

Jesus não mandou dar o dízimo como uma obrigação para os cristãos, mas ensinou a importância da generosidade e do amor ao próximo. O dízimo era uma prática da Lei de Moisés, mas na nova aliança, o que Deus deseja é um coração disposto a contribuir com alegria.

Seja através do dízimo, de ofertas ou de atos de caridade, o mais importante é honrar a Deus e cuidar dos necessitados. A verdadeira adoração não está em números, mas na sinceridade do coração.

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