O Dízimo no Antigo Testamento: Origem, Significado e Aplicação

O dízimo no Antigo Testamento é um dos temas mais debatidos dentro da fé cristã. Ele era uma prática comum entre os israelitas e possuía um significado muito mais profundo do que apenas a entrega de bens materiais. Neste artigo, você vai entender a origem do dízimo, sua aplicação na Lei Mosaica e sua relação com os tempos modernos. Além disso, exploraremos como essa prática foi transformada ao longo do tempo e qual sua relevância para os dias atuais.


O que é o dízimo no Antigo Testamento?

O dízimo, no contexto bíblico, significa “a décima parte”. No Antigo Testamento, ele era uma contribuição obrigatória que os israelitas entregavam como forma de adoração e sustento dos sacerdotes e necessitados. Essa prática está presente desde os primórdios da história bíblica e tem registros importantes que mostram sua evolução ao longo do tempo.

A primeira menção do dízimo na Bíblia

O primeiro relato do dízimo aparece em Gênesis 14:20, quando Abraão entrega a Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, a décima parte de tudo que possuía. Esse ato não foi uma exigência da lei, mas um gesto espontâneo de gratidão e reconhecimento da soberania divina.

Outro exemplo ocorre em Gênesis 28:22, quando Jacó, após ter uma visão de Deus, faz um voto de que daria o dízimo de tudo o que recebesse. Essas passagens mostram que o dízimo já era praticado antes da Lei de Moisés, mas sem uma regulamentação definida.

O dízimo como prática do povo de Israel

Com o estabelecimento do povo de Israel e a entrega da Lei, o dízimo passou a ser uma prática formalizada. Deus instruiu os israelitas a separar a décima parte de suas colheitas e rebanhos para diversos propósitos, que iam além do sustento religioso, incluindo assistência aos necessitados e apoio às festividades sagradas.


Como o dízimo era utilizado no Antigo Testamento?

O dízimo no Antigo Testamento não era apenas um imposto religioso, mas sim um meio de manter a estrutura da sociedade israelita funcionando. Ele tinha três principais finalidades: sustentar os levitas e sacerdotes, ajudar os necessitados e ser parte das celebrações religiosas.

Sustento dos levitas e sacerdotes

Os levitas eram a tribo encarregada dos serviços religiosos, mas não receberam terras como herança, diferentemente das outras tribos. Por isso, Deus ordenou que os dízimos fossem destinados a eles, garantindo seu sustento. Como está escrito em Números 18:21, “Eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que exercem”.

Além disso, os próprios levitas também tinham que dar a décima parte do que recebiam como uma oferta ao Senhor.

O dízimo para os necessitados

A cada três anos, um dízimo especial era separado para ajudar os estrangeiros, órfãos e viúvas. Esse ato demonstrava a preocupação de Deus com a justiça social, garantindo que todos tivessem acesso ao sustento básico.

A relação entre o dízimo e as festas religiosas

O dízimo também fazia parte das grandes festas do povo de Israel, especialmente durante as peregrinações anuais ao Templo. Parte da colheita era levada a esses encontros como forma de celebração e adoração. Isso fortalecia a comunhão entre os israelitas e reforçava a ideia de que tudo vinha de Deus.


O dízimo no contexto da Lei Mosaica

A Lei Mosaica formalizou a prática do dízimo, estabelecendo regras específicas para sua coleta e distribuição.

A regulamentação do dízimo em Levítico e Deuteronômio

Em Levítico 27:30, Deus afirma que “todos os dízimos da terra, tanto do grão do campo, como do fruto das árvores, pertencem ao Senhor”. Já Deuteronômio 14:22-23 reforça que o dízimo deveria ser separado fielmente e levado ao local de adoração escolhido por Deus.

A obrigação e as bênçãos associadas ao dízimo

O dízimo era tanto um dever quanto uma fonte de bênção. Em Malaquias 3:10, Deus promete abrir “as janelas do céu” para aqueles que forem fiéis na entrega do dízimo. No entanto, essa promessa estava condicionada à obediência do povo à aliança divina.


O dízimo e os profetas do Antigo Testamento

Os profetas frequentemente mencionavam o dízimo, seja para reforçar sua importância ou para denunciar seu mau uso.

Malaquias 3:10 – A promessa de provisão divina

Malaquias 3:10 é uma das passagens mais citadas sobre o dízimo: “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa”. Essa promessa mostra que Deus honraria aqueles que fossem fiéis em suas contribuições.

As críticas proféticas ao mau uso do dízimo

Os profetas também denunciaram quando os líderes religiosos exploravam o povo ou quando o dízimo era usado de forma injusta. Amós e Isaías condenaram aqueles que davam suas ofertas, mas viviam em desobediência a Deus.


O dízimo no Novo Testamento: Continuidade ou mudança?

Com a vinda de Jesus, muitas práticas da Lei foram reformuladas, levando a um debate sobre a continuidade do dízimo.

Jesus e o dízimo – o que ele disse?

Jesus mencionou o dízimo em Mateus 23:23, afirmando que os fariseus eram meticulosos em entregar o dízimo, mas negligenciavam valores mais importantes, como justiça e misericórdia. Ele não aboliu o dízimo, mas enfatizou que a verdadeira adoração vai além da contribuição financeira.

A diferença entre dízimo e ofertas voluntárias

No Novo Testamento, as ofertas voluntárias se tornaram mais evidentes. A igreja primitiva praticava a generosidade sem uma obrigatoriedade rígida, mas sempre com o princípio de ajudar os necessitados e sustentar a obra de Deus.


O dízimo nos dias de hoje: Aplicabilidade e reflexões

Muitos cristãos se perguntam se o dízimo ainda é uma obrigação nos dias atuais.

O dízimo como princípio espiritual

Independentemente de ser obrigatório ou não, o dízimo carrega um princípio espiritual: a generosidade e o reconhecimento de que tudo vem de Deus. O apóstolo Paulo ensina que cada um deve contribuir “segundo propôs no coração, não com tristeza ou por obrigação” (2 Coríntios 9:7).

Dízimo obrigatório ou liberalidade cristã?

Algumas denominações defendem que o dízimo continua sendo um mandamento, enquanto outras enfatizam a liberdade da nova aliança, onde as ofertas são feitas conforme a capacidade e o coração do adorador. O importante é que a generosidade e a fidelidade a Deus estejam acima de qualquer regra formal.


Conclusão

O dízimo no Antigo Testamento era uma prática estabelecida para sustentar os sacerdotes, ajudar os necessitados e celebrar as bênçãos de Deus. No Novo Testamento, Jesus não aboliu o dízimo, mas trouxe um novo entendimento sobre a verdadeira adoração. Hoje, a decisão de dizimar deve ser feita com consciência e gratidão, lembrando sempre que Deus ama quem dá com alegria.

Tags

Share This Article
Leave a Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *